segunda-feira, 28 de maio de 2012

Rescisório


 A luz que me acordava já não iluminava mais
O som insuportável que ouvira todos os dias não ecoava mais sobre meus ouvidos
Meus tiques e manias matutinas não manifestavam-se
O que normalmente ocorria, não acontecia

Sensações diferentes tinham o absoluto controle de mim
A água parecia seca e tóxica
Descia mutilando minha garganta como se fosse álcool
Meu estomago absorvia o líquido como se fosse pólvora
A comida não parecia comestível
O tempero não tinha se quer um sabor
Ou tinha, mas um gosto que eu nunca havia experimentado:
O nada, o vazio

Meu organismo já não obedecia mais meu cérebro
Minhas pernas paralisavam e não me deixavam continuar
Nenhuma anestesia amenizaria a erupção que acontecia dentro de mim
Impulsos me controlavam e me enfraqueciam
Minha respiração me sufocava e dava calafrios
Meu grito de desespero convertia-se em silêncio
Parecia que o desconhecido me possuía

Havia um conflito entre meus medos e reflexões contraditórias
Definições infinitas e interrogações formavam-se em minha mente
Procurando de alguma forma um refúgio ou respostas
Entretanto o incompreensível de alguma forma controlava meus estranhos impulsos

Acalmava-se, acostumava-se e cicatrizava-se
Este estranho dia, 
Quando eu encontrei-me com o novo, o desconhecido e desesperei-me
Foi o dia em que eu consegui ser regularmente normal
Tudo estava bem

domingo, 13 de maio de 2012

Pequenas observações

Observando os pequenos movimentos teus
Às vezes automáticos
Sobre palpebras inquietas e ansiosas
Pele corada, lânguida face
Assisto tuas formas e disfarces
Às vezes felizes
Todavia sobre teu silêncio-armadura
Essência dantesca de tão formidável
Desculpe-me
Teu sangue contém entorpecentes
Minhas veias sentem tua intensidade
Eu sei
Teus lábios secos convencem
E teus olhos possuem açúcar
Incerto desde a grama úmida até as nuvens carregadas
Confusões etcetera
Talvez 
Eu entendesse
Todavia,
Eu continuo.